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Um cachorro chamado Rex

  • Foto do escritor: Roberto Mendonça Maranho
    Roberto Mendonça Maranho
  • 22 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Pelos pretos nas costas. Peito branco. Carinha marrom. Patas brancas. Em 1990, nascia em Campinas um cachorro da raça Fox Paulistinha que logo cedo veio para Ouro Fino e recebeu o nome de Rex. Por dezesseis anos ele andou pelas ruas da cidade, solto, percorrendo longas distâncias, mas sempre voltava para casa na hora de comer e à noite para dormir. Raspava a porta com sua patinha para avisar que tinha chegado. Espalhou vários filhotinhos pela cidade. Foi atropelado algumas vezes e até mesmo envenenado, mas sempre se recuperava e continuava sua vida boêmia.

O Rex gostava muito de passar na casa do meu avô. Ficava ali em frente e logo dava um jeitinho de entrar. Sempre ganhava alguma coisinha para comer, brincava um pouco e ia embora. Mas houve um dia que ele chegou lá de noite e a sala estava cheia. Entrou pela casa e percorreu diferentes cômodos. Logo ganhou algum pedaço de carne. Abriram a porta para ele sair, mas dessa vez ele sentou e não se mexeu. Deram uma ordem para ele ir embora, mas ele continuava imóvel. Foi empurrado para fora, mas lutou e correu para dentro novamente. Situação constrangedora. Era o dia do velório do meu avô. Há pouco tempo havia ocorrido o enterro. As pessoas tristes na sala observavam aquela situação inusitada. Foi aí que alguém de grande sensibilidade surpreendeu a todos ao se aproximar dele e calmamente explicar: “Olha Rex, o Vô Dito não está aqui. Ele não vai chegar. Ele morreu”. Ao acabar de ouvir essas palavras, o pequeno Fox Paulistinha se levantou bem devagar, olhou no rosto de cada um que estava na sala e lentamente saiu pela porta e foi embora.

Por mais seis anos o Rex brincou pelas ruas de Ouro Fino, até que finalmente se encontrou novamente com meu avô.


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