Consciência e Transformação
- Roberto Mendonça Maranho
- 22 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Eckhart Tolle, em seu livro “Um novo mundo – O despertar de uma nova consciência” (Editora Sextante), traz conceitos importantes para que possamos compreender a nós mesmos e o modo como nos relacionamos com as pessoas.
Segundo o autor, quando a palavra “eu” é utilizada na sua aplicação cotidiana, estamos na realidade tendo uma percepção equivocada de quem a pessoa é, um sentido ilusório de identidade. Na verdade, o que nos referimos como sendo o “eu”, trata-se do ego.
O ego compõe-se de pensamentos e emoções, de uma série de lembranças que reconhecemos como “eu e minha história”, de papéis habituais que desempenhamos sem saber e de identificações coletivas, como nacionalidade, religião, raça, classe social e orientação política. Ele contém ainda identificações pessoais não só com bens, mas com opiniões, aparência exterior, ressentimentos antigos e conceitos sobre nós mesmos como melhores do que os outros ou inferiores a eles, como pessoas bem sucedidas ou fracassadas.
Essa identidade ilusória se torna então a base de todas as interpretações posteriores da realidade, de todos os processos de pensamento, das interações e dos relacionamentos.
Na mente egóica existe uma percepção do eu, do ego, em todos os pensamentos – lembranças, interpretações, opiniões, pontos de vista, reações, emoções. O pensamento, o conteúdo da mente é condicionado pelo passado: pela formação, pela cultura, pelos antecedentes familiares, etc. O núcleo central de toda atividade mental consiste em determinados pensamentos, emoções e padrões reativos repetitivos e persistentes com os quais nos identificamos com mais intensidade.
Nossa história é formada por lembranças mentais e emocionais – emoções antigas que são revividas continuamente. A maioria das pessoas leva consigo uma grande quantidade de bagagem desnecessária, tanto mental quanto emocional, ao longo de toda a vida. Esses indivíduos se limitam com ressentimentos, arrependimentos, hostilidade e culpa. Seu pensamento emocional se torna seu eu e, assim, eles se apegam a velhas emoções porque estas fortalecem sua identidade.
Queixar-se é umas das estratégias prediletas do ego para se fortalecer. Cada reclamação é uma pequena história que a mente cria e na qual acreditamos inteiramente. Não importa se ela é feita em voz alta ou apenas em pensamento. Ressentimento é a emoção que acompanha a queixa e a rotulagem mental dos outros. Ele acrescenta ainda mais energia ao ego. Ressentir-se significa ficar magoado ou ofendido.
Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana. Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece. Outra palavra para não-reação é perdão. Perdoar é ver além, é enxergar através de algo. É ver, através do ego, a sanidade que há em cada ser humano como sua essência.
Podemos dizer que existe uma voz dentro de nossa própria cabeça, o fluxo incessante de pensamento involuntário e compulsivo e as emoções que os acompanham. Devemos estar atentos e reconhecê-la pelo que ela é: a voz do ego, não mais do que um padrão mental condicionado, um pensamento. Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem consciência dela. Na verdade você é a consciência que está consciente da voz. Dessa maneira você estará se libertando do ego, livrando-se da mente não observada. No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não será mais o ego, e sim um velho padrão mental condicionado. O ego implica inconsciência. O velho padrão mental pode sobreviver e se manifestar por um tempo. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se enfraquece.
Estar atento ao momento presente. Observar seus pensamentos e sentimentos. Saber que você não é o ego. Ter a consciência que você é algo muito mais profundo e divino. São essas as chaves para a verdadeira transformação.
(Março/2012)
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